Maestro

Avaliação: 2.5 de 5.

No falho e apático ‘Maestro’, Bradley Cooper exibe seus novos degraus de ambição artística numa vitrine aos votantes do Oscar.

É indiscutível o salto de integridade artística que o ator e diretor Bradley Cooper alcança em “Maestro”. Tirando, claro, as próteses e os demais exageros de seu Leonard Bernstein, ele entrega uma atuação verdadeiramente hipnotizante. Seu desempenho ilumina a tela, mas os ecos do roteiro ecoam um vazio, evidenciando as falhas do próprio diretor em oferecer uma narrativa substancial sobre a figura de Bernstein ou sobre música.

Inicialmente, o tom contemplativo do filme não perturba. O diretor parece se divertir em exibir sua ambição com sequências grandiosas que brincam com a câmera de Matthew Libatique, imergindo cenários com certa teatralidade, o que é louvável. Entretanto, Bradley se aventura tanto em mostrar suas habilidades de direção, que o relacionamento entre Felicia e Bernstein acaba sendo negligenciado, revelando-se estranhamente fora de sintonia.

Essa sintonia entre Cooper e Carey Mulligan sofre nesses momentos cruciais, deixando um questionamento pairando no ar. Mulligan parece sonsa, privando as cenas cruciais de nuances expressivas, o que resulta em uma interpretação mais monótona do que impactante. Certamente, há momentos em que a atriz acerta, porém, seus pequenos acertos não são suficientes para compensar sua falta de consistência ao longo da obra.

O roteiro de Cooper e Bryan Singer parece focar demasiadamente na dinâmica entre Felicia e Bernstein, deixando em segundo plano a exploração da repressão sexual do músico. Isso cria a sensação de que Felicia é o único obstáculo, mesmo após a separação, continuando a ser um empecilho para Bernstein. Além disso, em “Maestro”, a sexualidade de Bernstein surge e desaparece, sempre sendo retratada como um problema quando ressurge. Singer adotou a mesma abordagem em “Bohemian Rhapsody”, onde apresenta a homossexualidade de Freddie Mercury como algo negativo, associada à destruição da banda Queen e ao caminho das drogas e promiscuidade.

Considerando as escolhas dos dois roteiristas heterossexuais, parece que “Maestro” está desesperadamente buscando um Oscar. No entanto, essa busca incessante de Cooper pela estatueta não me incomoda. Ao longo dos anos, o ator tem se esforçado para conquistar o reconhecimento da premiação, e admiro sua persistência, apesar dos tropeços em seu próprio caminho. Cada cena, cada interpretação, parece clamar por reconhecimento, e isso me faz questionar como ele, tão ambicioso, se permitiu cometer a erros em “Maestro”.

O filme apresenta um dinamismo impressionante, mas que, infelizmente, não é o suficiente para agradar. Tudo acaba se tornando um verdadeiro banho de água fria, principalmente quando Cooper tenta retornar às origens de “A Star Is Born” de 2018 e cria um atropelo de cenas para recriar o icônico corte final. No entanto, ele falha. Fica explícito que não houve construção para tal. Há alguns minutos, vimos Bernstein idoso vivendo sua sexualidade e, de repente, temos um pequeno e repentino corte com Mulligan, que tenta emocionar, mas não consegue, chegando a causar gargalhadas de tão apática.

Apesar de ‘Maestro’ se empenhar em ser visualmente atrativo e sofisticado, parece não dedicar a mesma atenção para envolver o espectador em sua narrativa confusa. No meio disso tudo, infelizmente, nos deparamos com a realidade da temporada de premiações. Todos os anos, existe uma variedade de Oscars baits: alguns ousados e outros básicos. Enquanto os filmes básicos conseguem, pelo menos, atingir um nível mínimo de decência, ‘Maestro’ é como uma sinfonia meia bomba, cheia de notas inacabadas.