Sob as Águas do Sena

Avaliação: 1 de 5.

Recentemente, viralizou a notícia de que, apesar dos esforços, a poluição do rio Sena ainda representa um perigo para as competições das Olimpíadas de Paris. Você consegue imaginar o tamanho do problema? Atletas sendo impedidos de nadar porque correm risco de contaminação? O debate vai longe: não adianta mitigar, tentar limpar a poluição apenas por capricho. O rio Sena está, mais do que nunca, imerso numa questão ambiental, assim como o longa-metragem Sob as Águas do Sena, dirigido por Xavier Gens. Porém, embora tente fazer parte de um contexto ambientalista, o filme é na verdade sobre tubarões assassinos — que entram no Sena e fazem do cartão-postal de Paris uma verdadeira faixa de água mortal.

A todo momento somos apanhados por esta mistura entre realidade e ficção, uma vez que a má disposição destes aspectos transcende o pólo da representação cinematográfica. Ou seja, mesmo não sendo um filme de gênero, que corresponda mais do que tudo às suas normas, Sob as Águas do Sena ainda abusa das convenções do ataque, da criação de tensão e do absurdo — apenas pelo mero prazer do choque nos melhores momentos — como sendo uma ligação entre aquilo que pode nos perturbar mentalmente. Está enraizado no mesmo efeito que 2012, lançado em 2009 e dirigido por Roland Emmerich, que fortifica essa premeditação fajuta de fim do mundo, quando sabemos que os filmes de tubarão normalmente têm objeções mais simples, o que reduz qualquer expectativa sobre ser ou não ser expansivo, se apela ou não a exageros. Mas aqui o que temos é uma tentativa de abranger temas políticos e ambientais além da conta, o que certamente atinge o campo de difusão de uma suposta mensagem.

Mas qual é a mensagem? Se você pensa que se trata de salvar os tubarões, porque a evolução que os colocou no rio Sena não é culpa deles, e é por isso que figuras como Sophia (Bérénice Bejo) são alvos importantes para trazermos essas informações sobre o quão perigosas são as mudanças climáticas porque interfere nas espécies, certamente falta alguma coisa. Na verdade, não falta nada, pois o filme tenta acomodar mais do que precisa, recorrendo a um milhão de direções possíveis. Isso, quando sabemos que tudo o que uma narrativa de tubarão assassino precisa é: impressionar com a eloquência dos meios maximalistas de que estão impregnados os valores técnicos — que também é pouco aparente aqui. Por fim, fica evidente o completo desespero pelo timing envolvendo o rio Sena. E nem mesmo o uso problemático do ambientalismo, incapaz de ser levado a sério, pode amenizar a carência de tudo ao redor do brainstorming malsucedido de Xavier Gens.