Oscar 2023 – Melhor Ator (Setembro)

Embora tenha tido uma recepção divisiva por conta da crítica em Cannes, Elvis conseguiu se estabelecer como um forte candidato por conta do apelo ao público, que é evidente quando olhamos para a sua bilheteria. Apesar de dividir a crítica, a atuação de Austin Butler como Elvis recebeu aclamação total, sendo bem falada até por aqueles que não gostaram do filme de Baz Luhrmann. Sendo o rosto de um dos filmes mais bem sucedidos do ano e entregando uma interpretação transformativa, Butler é o atual preferido na categoria de Melhor Ator. Além disso, ele faz parte da cinebiografia de um dos maiores ícones da musica, o que se mostrou algo bem efetivo com outros filmes, como Bohemian Rhapsody. Suas chances de vitória serão definidas pela recepção geral do filme com os membros da Academia, que poderemos começar a observar com o começo das premiações de sindicato.

Colin Farrell venceu o prêmio Volpi Cup de Melhor Interpretação Masculina no Festival de Veneza 2022, desbancando Brendan Fraser, que até então parecia um competidor muito mais forte na corrida ao Oscar. Farrell não possui qualquer indicação ao Oscar, mesmo com diversos anos trabalhando na indústria, mas com o apoio da Searchlight, um dos melhores estúdios em questão de campanha (responsáveis pela vitória da Jessica Chastain no começo desse ano), é bem possível que o ator consiga traduzir toda a aclamação em uma indicação.

Brendan Fraser parece ter criado um vínculo muito forte com o público nesses anos onde passou distante das telas. Durante o Festival de Veneza, vários artigos sobre o seu comeback viralizaram na internet, e embora isso demonstre que existe uma grande boa vontade em premiá-lo, é impossível negar que a sua derrota em Veneza não possui um certo peso na corrida. A recepção de The Whale por parte da crítica não foi lá das melhores, é o tipo de filme onde se ama ou se odeia, sem meio termo, o que coloca Fraser em uma situação complicada. The Whale não parece o tipo de filme que vai ganhar milhões de bilheteria e atrair muitos espectadores ás salas de cinema, então o filme precisava de boas críticas mais do que nunca se quisesse estabelecer uma vantagem aos seus concorrentes. Além disso, apesar de muita especulação sobre sua recepção em Toronto, o filme não alcançou o Top 3 da votação popular que elegeu os três filmes favoritos do festival. Embora seja muito querido e muito elogiado por sua transformação no filme, Fraser deve enfrentar um longo caminho até o Oscar.

Living teve um ótimo mas silencioso circuito de festivais. O filme que estreou no Festival de Sundance no começo do ano também participou de grandes festivais como o de San Sebastian, Telluride, Toronto e agora o de Nova York. O que atrapalha a campanha de Bill Nighy é o fato de que, embora existir um esforço em fazer com que o filme seja visto, ele simplesmente não consegue gerar os sentimentos esperados pelo estúdio. Tendo assistido o filme é fácil saber quais serão as fraquezas e as forças de Nighy. Pra começar é um papel muito sutil, onde todas as emoções são mostradas de maneira bastante natural, sem trabalhar no melodrama, mas Nighy é indubitavelmente encantador no papel. É um personagem fácil de gostar e de torcer, e ele entrega as batidas emocionais de uma maneira devastadora. Caso o filme seja visto (e a Sony Picture Classics vai fazer questão de trabalhar nisso) é bem possível que ela consiga a indicação, porque além de ser uma interpretação tremenda, também é uma maneira de reconhecer a carreira do ator.

Mas a Sony Pictures Classic também tem outro competidor nessa categoria. Hugh Jackman tenta sua segunda indicação por The Son, novo filme de Florian Zeller. A recepção de The Son em Veneza e Toronto não foi nada menos que um desastre. O filme não conseguiu agradar quase ninguém, pois tanto a crítica quanto o público acharam o filme moralmente questionável. A indicação será uma batalha difícil pra Jackman, que terá que lidar com um filme completamente desprezado ao longo da temporada.

Diego Calva é descrito como o rosto de Babylon por aqueles que assistiram o filme, então nada mais justo que considerar ele uma grande possibilidade na categoria já que acredito que o filme será bem recebido tanto pela Academia quanto pelo público. Embora não tenha grandes momentos ao decorrer do filme, é impossível não considerar Tom Cruise como um possível indicado por Top Gun: Maverick vendo o sucesso absoluto do filme em todas as áreas. A última indicação do ator foi nos anos 2000 por Magnolia, e a indústria pode ver no sucesso do filme uma maneira de receber Cruise de volta. O indicado ao Emmy, Jeremy Pope, arrancou elogios do público de Toronto por sua interpretação em The Inspection. O ator já foi reconhecido pela indústria do teatro e da TV, então é razoável imaginar que ele possa ser reconhecido na do cinema também, caso a A24 faça esforços para ajudá-lo em sua campanha. Outro possível candidato da A24 na categoria é Paul Mescal por Aftersun. Caso o ator consiga um bom desempenho nos prêmios da crítica ele pode gerar uma força para uma indicação no BAFTA, que pode ser expandida para uma indicação maior caso seja prioridade para a A24. O único grande competidor da NEON para essa categoria é Song Kang-ho por Broker, vencedor do Prêmio de Interpretação Masculina no Festival de Cannes no começo do ano. É uma longa estrada no seu caminho, mas o ator pode ter algum tipo de força por conta de seu snub por Parasite.

  1. Austin Butler, Elvis
  2. Colin Farell, The Banshees of Inisherin
  3. Brendan Fraser, The Whale
  4. Bill Nighy, Living
  5. Hugh Jackman, The Son
  6. Diego Calva, Babylon
  7. Tom Cruise, Top Gun: Maverick
  8. Jeremy Pope, The Inspection
  9. Paul Mescal, Aftersun
  10. Song Kang-ho, Broker