“Empire of Light” tem muito a dizer, e é transparente nisso. Embora o roteiro nem sempre seja capaz de traduzir suas ideias da melhor maneira, o suporte técnico e performances tentam e, na maior parte, entregam um resultado positivo. Por vezes, a vontade de parecer profundo é tão grande que, no fim das contas, não consegue se aprofundar em nenhum dos temas que tenta abordar. Os versos de poesia que são recitados ao decorrer do filme são talvez a maior prova disso.
O filme se passa nos anos 80 e acompanha Hilary (Olivia Colman), uma mulher solitária que trabalha em uma cinema na Inglaterra. Ela conhece Stephen (Micheal Ward), um homem negro que é contratado para trabalhar como vendedor de ingressos no mesmo local onde ela trabalha, e os dois começam a compartilhar um vínculo muito pessoal.
As pautas da solidão e saúde mental são executadas com primor por Mendes e são ancorada por uma performance brilhante de Colman. A atriz consegue trazer várias dimensões para uma personagem carregada de traumas e culpa, com o apoio do ótimo Micheal Ward, que entrega uma atuação reveladora. Tais momentos são suportados por uma trilha sonora simplista, em que Trent Reznor e Atticus Ross pegam emprestado as técnicas de Brian Eno em transpor piano e eletrônicos dissonantes.
Quando nos afastamos do estudo da personagem, a história desanda. Pautas raciais são abordadas de um só ângulo, repetidas vezes, sem jamais soar genuíno. É uma história que, não importa quantas vezes você ouça, não consegue convencer. Os maiores tropeços acontecem quando a personagem de Colman desaparece por completo. Nesses momentos, o ego de Mendes toma conta de minutos vitais para o funcionamento da trama, o que torna o filme em algo permissivo e desinteressante.