Por mais se baseie em uma história real, se torna inevitável as comparações com Brokeback Mountain na narrativa. O longa já começa com um flashback dos personagens, onde o jovem piloto Sergey e Ronan, um coronel da mesma infantaria, acabam se apaixonando. Sequências repletas de delicadeza, tensão sexual e olhares penetrantes. É um roteiro simples, que tenta despertar sentimento do espectador. O desenvolvimento inicial desse casal é consideravelmente ágil, o que achei a princípio bom. Existe toda uma movimentação extremamente calculada e feito às escondidas entre os personagens, existe um suspense no ar e isso deixa o filme menos imprevisível.
O tempo passa. Longe da vida de combate, os dois se separam e vivem em realidades diferentes. Sergey se torna parte do cenário teatral, enquanto Roman se casou e teve filhos. Mesmo casado, Roman não consegue fugir de seu instinto natural. E por fim, Sergey e Roman acabam se reencontrando. Passando por altos e baixos, os dois vão acabar cedendo ao grande amor que sentem um pelo outro. Diferente do filme de Ang Lee, Brokeback Mountain (2005), eles chegam a viver juntos, escondendo esse segredo de seus ex-companheiros de batalha. É um amor proibido, menos para os dois que vivem intensamente juntos.
Por certo tempo, os dois conseguem se esconder da sociedade. Porém, é previsível que uma hora alguém iria descobrir a situação. Acaba que a partir disso a história do casal se complica a cada passo. Já era esperado, mas não de forma tão rápida. Acaba que Firebird toma proporções drásticas, quase idênticas a Brokeback, principalmente as sequências finais. O que espanta é como a ex-esposa de Roman lida com a situação. Isso ocorre de forma muito sutil, um ponto positivo em favor do longa.
Firebird é muito bem produzido, a direção utiliza muito bem dos artifícios que possui, isso acaba ajudando a engrandecê-lo e por mais não seja uma grande produção, esse não é o problema do filme. O problema do longa acaba sendo o roteiro inconsistente que acaba tornando a história sem emoção, quando deveria ser o contrário. Isso pesa muito, principalmente na conexão com o casal. Os dois protagonistas atuam bem, tem uma boa química em cena. É possível enxergar o esforço dos atores em expressar os sentimentos de cada um dos personagens. Quando percebi as fortes semelhanças com Brokeback Mountain, imaginei que fosse emocionar de forma equivalente, mas não emociona. O filme acaba falhando em emocionar, é como se fosse um choro sem lágrimas. Sua cena final é uma bela despedida ao longa, que não é nada além de uma bonita e passageira memória.