Unclenching the Fists é um retrato brutal sobre as duas faces dos laços familiares.
O filme conta a história de Ada (Milana Aguzarova), uma jovem russa que deseja fugir da cidade em que mora. Ada mora com seu pai e um de seus irmãos, e desde o começo se percebe uma inquietação ensurdecedora entre eles. O pai está doente, e com a chegada do irmão mais velho, nós assistimos como cada membro da família reage a essa situação.
A direção fria é ótima porque nos passa a sensação de indiferença de Ada com o seu pai, ela não liga (ou apenas finge que não) para sua doença. Em uma cena forte em que seu pai está passando mal e precisa de ajuda, Ada sugere que eles saiam de casa para deixar ele morrer sozinho. São essas as ações que causam desconforto e que nos afastariam da protagonista em qualquer outro filme, mas com um roteiro inteligente e uma ótima performance de sua protagonista, Unclenching the Fists nos faz compreender a situação. O filme não quer falar sobre o trauma que a família sofreu, ele quer apenas que o espectador entenda as complexidades das ações tomadas. Uma certa cena do filme que poderia ter se transformado num melodrama para tirar lágrimas de quem o assiste, aqui acontece de longe, e fica nítido que mesmo em um momento de intimidade, eles não poderiam estar mais distantes um do outro.
No fim, o que levamos de Unclenching the Fists é que cada família tem suas singularidades, suas diferenças, seu amor e seu desprezo, e o que pra muitos pode soar como algo ruim, aqui é explicado como uma ação imperfeita e humana.