O cinema experimental de Peter Tscherkassky sempre procurou tratar dos filmes de um modo em que sua maior preocupação é a conjunção da face histórica do cinema e a paixão pelas diversas formações da imagem. Em “Train Again”, sua última obra, o diretor faz uma reflexão de como o maquinista de um trem pode ser comparado ao cinema em si. Já que pela sua própria velocidade, pode chegar a um fim indesejado.
A ideia de que o cinema é um trem cai como uma luva, a própria ação de colocar vários momentos do cinema (que vão de L’Arrivée à The Shining) é genial, as janelas do trem acabam virando partes do rolo de um projetor de filme, os trilhos se entrelaçam formando um caminho de várias vias. A afirmação de que as similaridades desses dois ideias existem é o objetivo central do diretor aqui, e a cada minuto do longa vai concretizando-se.
É como se mais de 100 anos de cinema se juntassem, todos os paralelos das imagens se sobrepondo uma a outra é um deleite. Um túnel no meio da sala de cinema em direção aos espectadores é o momento em que todo o ideal do filme é refletido, ele está vindo diretamente para todos, atingindo-os e deixando sua marca, qualquer que seja, mas que aqui, acontece por uma explosão de imagens colidindo no final quando o trem para. O cinema não pertence a tempo nenhum, ele está vagando por aí até hoje, mas assim como Tscherkassky deixa a entender, o destino final pode está mais perto do que imaginamos.

